Chamada de Operação Deja Vu, a 51ª fase da Operação Lava Jato investiga se US$ 54,5 milhões (cerca de R$ 200 milhões), de um contrato de US$ 825 milhões envolvendo Petrobras e Odebrecht,
tiveram como destino propinas pagas a executivos da estatal e a
partidos políticos. O contrato suspeito previa a prestação de serviços
de reabilitação, construção e montagem, diagnóstico e remediação
ambiental, elaboração de estudo, diagnóstico e levantamentos nas áreas
de segurança, meio ambiente e saúde em nove países, além do Brasil.
Entre os investigados estão os ex-integrantes da área internacional da Petrobras, Aluísio Teles Ferreira Filho, Rodrigo Zambrotti Pinaud e Ulisses Sobral Calile.
Segundo os investigadores, com a ajuda de operadores financeiros, cerca
de US$ 24 milhões tiveram como destino contas de agentes públicos
ligados à Petrobras. Mais US$ 31 milhões teriam como destino pessoas que
se diziam intermediários de políticos ligados ao então PMDB (atual MDB). Há, ainda, a suspeita de que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, tenha recebido parte dos recursos.
A Polícia Federal
informou que cerca de 80 policiais estão cumprindo 23 ordens judiciais
nos estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. De acordo com
o delegado da PF, Igor Romario de Paula, foram
cumpridos os 17 mandados de busca. Dos mandados de prisão, foram
cumpridos três preventivas e uma temporária. Há ainda uma preventiva em
aberto porque o investigado está no exterior – embora ainda não seja
considerado foragido.
O que se pretende é buscar elementos
para aprofundar as investigações sobre o contrato celebrado entre a
Petrobras e a Odebrecht. Informações privilegiadas foram concedidas por
executivos da Petrobras aos da Odebrecht que [em retorno] prometeram uma
série de benefícios ilícitos”, disse, durante coletiva de imprensa, o procurador do Ministério Público Federal
Roberson Pozzobon. Na época, o diretor da área internacional da Petrobras era Jorge Zelada, já condenado por fraudes em contratos da petrolífera.
Pozzobon explicou como foram os primeiros passos para o desvio dos recursos. “Aluísio
Teles [engenheiro da Petrobras que viria a ser gerente do contrato]
contatou executivos da Odebrecht para ver se havia interesse da
empreiteira no contrato [para a prestação de serviços de segurança, meio
ambiente e saúde]. Quando a Odebrecht manifestou interesse, foi dito
que 3% teriam de ser pagos a pelo menos três executivos da estatal”,
disse o procurador, referindo-se aos então integrantes da Petrobras
internacional Aluísio Teles Ferreira Filho, Rodrigo Zambrotti Pinaud e
ao técnico de inspeção de equipamentos, transferido da Transpetro para a Petrobras exclusivamente para tomar parte na licitação, Ulisses Sobral Calile.
Ao aprofundar as investigações, foram
verificados ajustes nos contratos e repasses a operadores João Augusto
Rezende Henriques e Ângelo Tadeu Lauria, que seriam ligados ao MDB – na
época, PMDB. “Em uma das reuniões, esses agentes se apresentavam
como intermediários de pagamentos a políticos do PMDB. O destino desses
recursos será alvo de investigações. Nossa suspeita é de que os
pagamentos do PMDB eram direcionados ao Eduardo Cunha [ex-deputado pelo PMDB, que presidiu a Câmara dos Deputados durante o impeachment da presidente Dilma Rousseff], e os do PT para João Vaccari Neto”, completou o procurador Julio Carlos Motta Noronha. No despacho da 51ª fase da Lava Jato, o Juiz Sérgio Moro afirma que pagamentos teriam sido feitos “especificamente” a Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves e João Vaccari Neto.
Com informações da AB*