Falta de assistência a diabéticos causa uma amputação por dia no RN



Mais de 400 amputações maiores (ao nível da coxa e perna) devem ser realizadas até o final do ano

O Rio Grande de Norte tem uma média diária de uma amputação por dia por falta de assistência a diabéticos. O alerta é do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte (CREMERN), que reuniu a imprensa nesta quinta-feira, 10, para falar sobre a assistência ao paciente pé diabético. A coletiva também tratou sobre a possibilidade do fechamento do Hospital Ruy Pereira, única unidade de atendimento aos pacientes vasculares do RN.
Presidente do CREMERN, Marcos Lima de Freitas apresentou um relatório elaborado pela Câmara Técnica de Cirurgia Vascular do CRM, que mostra o quanto os pacientes vasculares precisam de atenção.
Estima-se que o RN possua 350 mil diabéticos, sendo que 280 mil dependem da rede pública.
Em 2018, o Hospital Ruy Pereira realizou 1.363 cirurgias, sendo desse total 242 amputações maiores (ao nível da coxa e perna), refletindo uma média de 4,6 amputações por semana.
Só este ano já foram realizadas 1.737 cirurgias até setembro, e estima-se que até o final do ano serão realizadas mais de 400 amputações maiores com uma média de 8,5 amputações por semana.
Dados revelam também um aumento de 121% este ano no número de atendimentos ambulatoriais pela Cirurgia Vascular no Hospital Rui Pereira.
O fluxo de regulação de pacientes com pé diabético e isquemia crítica, feito pela Central Estadual de Leitos está inefetivo, pois os ambulatórios e o pronto-socorro do Hospital Ruy Pereira não funcionam 24 horas.
“Casos que precisam de uma avaliação imediata acabam ficando para o dia seguinte e em caso de fins de semana a espera pode ser de até 48 horas”, afirma Dr. Marcos Lima de Freitas.
De acordo com a Câmara Técnica, para tornar o tratamento adequado e digno à população, é necessário reduzir a quantidade de pacientes amputados no Estado. Para isso, é preciso a criação de uma unidade hospitalar que atenda aos pacientes com isquemia crítica, com a realização de exames diagnósticos e a revascularização dos membros.
Segundo Davi Valério Damasceno, membro da Câmara e da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV-RN), o total de pacientes necessitados hoje é superior a estrutura disponível nas unidades.
“Para conseguir atender a todos, seria preciso que a unidade fosse responsável por 15 arteriografias por semana, 10 angioplastias e 5 cirurgias de revascularização (by-pass) por semana, além de contar com 30 leitos de internação, e ainda possuir retaguarda de 12 leitos de UTI”, argumenta.
Ainda de acordo com os dados revelados na entrevista, diversos hospitais públicos na capital e no interior do estado não têm alvarás do Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária.
“Fechar o Hospital Rui Pereira e pulverizar esses pacientes sem uma estrutura que cumpra as recomendações desse relatório, apenas agravará a assistência”, revela a diretoria do Cremern.
Ainda de acordo com o CREMERN, todas as medidas cabíveis e necessárias serão tomadas para estruturar a assistência ao paciente com pé diabético e em situação de isquemia crítica, em benefício da população e da boa prática da medicina.

Fonte: Agora RN

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